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As férias estão chegando! E uma das coisas que eu gosto de fazer nas férias é visitar outras igrejas. Minha preferência é por visitar igrejas em outras cidades. A ideia é poder cultuar ao Senhor sem que ninguém me conheça.
Bem, isso acontece em um fim de semana, ou dois. Quando volto de férias, faço o que realmente amo: cultuo ao Senhor com os irmãos que conhecemos e às suas famílias; pessoas que temos uma profunda relação em que podemos compartilhar das lutas e alegrias, orar uns pelos outros e estar comprometidos com o bem-estar espiritual, emocional e físico, um do outro.
Vivemos o tempo da comunicação em massa. Nesse contexto, milhares de corações feridos, solitários, distantes de Deus, estão escondidos no anonimato das multidões apaixonadas pelas luzes, ambiente, som e pregação que lhes captura os sentidos.
Todavia, ao observar o livro de Atos, não é isso que vemos. Vemos que as multidões que criam no Senhor Jesus, se reuniam no Templo, mas também de casa em casa (At 2.46).
O Templo de Jerusalém era o espaço de adoração, proclamação da Palavra e profissão pública de fé. Esse Templo não existe mais, embora o espaço público de culto em que a Igreja se reúne mantenha esse propósito.
Porém, existe um outro espaço, o que Lucas em Atos 2 chama de “casa em casa”. A Igreja primitiva tinha suas reuniões públicas, mas também suas reuniões nas casas. A casa é o ambiente em que saímos do anonimato, nosso coração é exposto, somos exortados e instruídos com mais precisão a respeito de Cristo.
Vemos isso acontecer em At 18.24 ss. Lucas relata que chegou em Éfeso um homem chamado Apolo. Ele era um judeu, natural de Alexandria, e um homem admirável: eloquente, com grande conhecimento das Escrituras, instruído no caminho do Senhor, fervoroso de espírito, e falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus.
Certo dia, Apolo foi na sinagoga e com grande coragem anunciou Jesus Cristo. Naquela ocasião, estavam Priscila e Áquila. Este casal tinha sido discipulado por Paulo em Corinto, e na ocasião fazia parte da equipe missionária de Paulo.
Sabe o que o casal fez ao ouvir Apolo? Veja o v.26, Priscila e Aquila o “levaram consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus”. Por que Apolo precisava que alguém lhe ensinasse com mais precisão o caminho de Deus? O v. 25 responde: “ele conhecia somente o batismo de João”.
Veja, embora Apolo tivesse todo o currículo que foi apresentado, ainda assim ele precisava de instrução mais específica. E por ter tido essa instrução, ele pôde “auxiliar muitos os que, pela graça, haviam crido, pois com grande poder refutava publicamente os judeus, demonstrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”. (At 18.27,28).
Isso me diz que sempre precisaremos ser instruídos com mais precisão a respeito das Escrituras. E graças a Deus pelas “Priscilas e Aquilas” que, uma vez instruídos, se dispõe a instruir a outros. Esse é o discipulado de casa em casa que, infelizmente, tem se perdido nos nossos dias.
Veja, nas últimas décadas no Brasil muito se falou de movimentos como o G12, Igreja em Células, etc. Esses movimentos se mostraram danosos à Igreja. Então, não é a isso que me refiro. Me refiro ao movimento verdadeiro da Palavra de Deus que, uma vez exposta fielmente no púlpito, perpassa as casas, os pequenos grupos, e, como um bisturi, é usada por corações transformados e instruídos, para tratar a cada um na sua particularidade.
Minha oração é que o Senhor cada vez mais nos abra os olhos para ver o valor do culto público em uma multidão de indivíduos que se conhecem mutualmente, oram, encorajam, exortam, instruem uns aos outros.
Sendo assim, quero encorajá-lo a não viver um cristianismo escondido na multidão, mas a aproveitar as pequenas reuniões de nossa igreja e abrir-se para o ministério das “Priscilas e Aquilas” que Deus tem levantado.
pr. Nelson Galvão
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