
“O que vou ganhar com isso?” Essa é a pergunta que norteia as nossas atividades e relações. “O que vou ganhar com a amizade dessa pessoa?”; “O que vou ganhar com esse casamento?”; “O que vou ganhar se dedicar meu tempo e talento nesse dado projeto?”. Fazemos as contas, calculamos os riscos, as prováveis perdas e tomamos as decisões.
O problema disso é que nem sempre consideramos que para ganhar precisamos estar dispostos a perder.
Foi assim que agiu “fulano” (tradução da expressão “peloni almoni” na ACF - Rt 4.1), o parente mais próximo de Noemi, que tinha o dever de resgatar a herança da família da viúva. Depois de ponderar a partir de uma lógica pragmática, chegou à conclusão que isso traria prejuízo à sua propriedade (Rt 4.6).
Sabe o que é irônico no “fulano” da história de Rute? Preocupado em preservar seu nome, o fulano perdeu o nome. Ele permaneceu no anonimato para sempre.
Boaz agiu diferente do “fulano”. Sua preocupação era “preservar o nome do falecido na sua herança, e para que o nome dele não desapareça da sua família e da porta da cidade”. (Rt 4.10). Para resgatar Rute, Boaz estava disposto a ter sua propriedade prejudicada e correr o risco de perder até mesmo seu próprio nome. No Reino de Deus, a lógica é que o ganho envolve perda.
Essa atitude de Boaz aponta para Cristo. Jesus se esvaziou para nos servir com sua própria vida. Veja o que Paulo diz aos Filipenses:
“Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens. Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”. (Fl 2.5-8).
Para o nosso resgate, Jesus estava disposto a perder. Isso porque no Reino de Deus, o ganho envolve perda.
Agora, também é verdadeiro dizer que a perda envolve ganho. Ao estar disposto a perder até o próprio nome, Boaz ouviu a bênção: “que seja famoso em Belém” (Rt 4.11).
Isso também aponta para Cristo. Perceba como Paulo continua o texto aos Filipenses:
“9 Por isso, Deus também o exaltou com soberania e lhe deu o nome que está acima de qualquer outro nome; 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fl 2.9-11).
Veja! Por conta de Seu sacrifício por nós, Jesus herdou um nome que está acima de qualquer outro nome.
Isso posto, precisamos entender que para seguir a Cristo somos convidados a perder, a negar a nós mesmos (Mc 8.34); Ao achar a pérola de grande valor, deve-se vender o campo (Mt 13.45); Quem acha a sua vida a perde; e quem perde a sua vida, por amor de Jesus, a encontra (Mt 10.39).
Agora, ao perder ganhamos. Veja que nesses textos, ao perder ganha-se. A pérola é muito mais valiosa que o campo. Ao perder a vida ganhamos. É exatamente isso que o apóstolo Pedro aponta em sua 1ª carta. Por conta da morte e ressurreição de Jesus, nos está reservada uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, ainda que por agora passemos por muitas provações (1 Pe 1.4).
Por causa de Cristo, perdemos o nome, mas ganharemos um novo nome.
“Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”. (Ap 2.17).
Você está disposto a perder para ganhar?
Pr. Nelson Galvão
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