Nesse mês de maio, igrejas cristãs enfatizam a família. Considero essa iniciativa válida como mais um esforço para trazer à consciência o valor da família como plano de Deus.
Temos planejado em nossa igreja uma série de atividades com esse intuito, pregações, palestras e confraternizações. Fique atento!
A despeito disso, eu gostaria de pensar hoje com vocês sobre a igreja como família de Deus, a família de Cristo. Uma das imagens mais fortes que a Bíblia traz para o povo de Deus, é que este é a família de Deus.
Ao Gálatas Paulo exortou que deviam fazer “o bem a todos, principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). Aos Efésios, o apóstolo afirmou que estes não são mais estrangeiros, nem imigrantes, mas “concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2.19). É muito interessante também notar que desde os tempos primórdios da igreja até os nossos dias, nos tratamos como “irmãos”.
Jesus usou essa imagem da família. Quando seus familiares foram chamá-lo, respondeu a eles: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? [...] Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Aquele, pois, que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Mc 3.33,34).
Essa afirmação de Jesus parece ser muito grosseira para com seus familiares. Mas, isso apenas se tirada de seu contexto. A narrativa começa no início do cap. 3, do Evangelho de Marcos, onde o Evangelista nos conta que aquela ocasião do ministério de Jesus era marcada pela crescente multidão. Milhares de pessoas viam de inúmeros lugares para ver, ouvir e tocar em Jesus.
O interesse da multidão era multifacetado. Alguns iam por cura, outros por curiosidade, outros para impedi-lo (esse é o caso da sua família, Mc 3.21), e outros ainda para ver no que podiam acusá-lo.
É nesse contexto então, que Jesus afirma a respeito de Sua verdadeira família. Esta não é composta pela multidão, por aqueles curiosos, nem por aqueles que vão a Ele para obter algo, nem muito menos por aqueles que o rejeitam. A família de Cristo é composta por aqueles que fazem a vontade de Deus.
Que vontade de Deus é essa a qual Jesus se refere? Desde o início do Evangelho de Marcos, vemos que a pregação de Jesus é: “o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15). Essa é a vontade de Deus para nós. Aqueles que se arrependem de viver uma vida de rebeldia contra Deus e confiam unicamente em Cristo, como provisão de Deus para a remissão de seus pecados, estes são feitos filhos de Deus e, por isso, família de Deus.
Já pensou nas implicações de ser família de Deus? Uma vez família de Deus, não existe espaço para o individualismo dos desigrejados que afirmam crer em Cristo, mas não querem fazer parte de Sua Igreja. Não existe espaço para o utilitarismo de fazer parte do culto, com o intuito de receber algo de Deus, mas não ter qualquer relacionamento com aqueles que ali também estão. Não existe espaço para o egoísmo de uma vida sem prestação de contas, sem expressões genuínas de interesse pelo outro.
As Mega igrejas que estão na moda nos EUA e agora no Brasil favorecem esse tipo de atitude que são marcas próprias da multidão, e não da família de Deus.
Na família de Deus conhecemos um ao outro, sabemos o nome, sabemos a história. Nos relacionamos em ambiente de culto coletivo, mas também nos vemos durante a semana em situações do dia a dia. Temos refeições juntos e compartilhamos alegrias e tristezas. Encorajamos, consolamos e exortamos uns aos outros. Até mesmo os dissabores que temos entre nós, são parte da caminhada cristã de amadurecimento conforme o caráter de Cristo.
Irmãos, precisamos aprender a valorizar o fato de sermos família de Cristo. Não se deixe levar pelo cristianismo virtual, de internet (tem até igreja de metaverso hoje!!!). Ela tem seu valor, mas jamais poderá substituir o estarmos juntos. Não se isole, saia da multidão!
Pr. Nelson Galvão
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