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Quem não gostaria de ter suas orações respondidas, não é mesmo? Uma vez que cremos em Deus, oramos pelos nossos problemas, pela saúde, pelo cônjuge, pelo carro novo, pelo emprego ou promoção, etc.
Todavia, se você é como eu, nem sempre tem suas orações atendidas. Por quê? Por que muitas vezes Deus parece estar bem distante daquilo que pedimos a ele? Bem, 1 Jo 5.14 nos dá luz sobre essa importante questão. Existem orações que Deus ouve e outras que Ele rejeita. Vejamos!
“E esta é a confiança que temos nele: se pedirmos alguma coisa segundo sua vontade, ele nos ouve.” (1 Jo 5.14)
1– A oração que Deus ouve é aquela cujo fundamento é Cristo
“E esta é a confiança que temos nele”.
Perceba que João diz “confiança que temos nEle”. Nele quem? É só ver o contexto anterior e percebemos que João se refere a Cristo.
Toda a vida cristã se dá pela fé em Cristo, desde a salvação até a santificação. Isso inclui também a oração. Sendo assim, a oração que Deus ouve é aquela que fazemos confiantes em quem é Jesus e em Sua obra. Ou seja, é muito mais do que simplesmente dizer “em nome de Jesus, amem”, no final das orações, como se fosse uma frase mágica que faz as coisas acontecerem! Não, a oração fundamentada em Cristo é uma afirmação da confiança nos méritos de Cristo, para termos acesso ao Deus Santo.
Jesus contou a parábola da oração do fariseu e do publicano (Lc 18.10-12). Perceba nessa parábola que os dois oravam. Mas o fundamento da oração do fariseu era ele mesmo e suas obras. Ele orava assim:
“Ó Deus, graças te dou porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.”
Em contrapartida, Jesus disse a respeito do publicano que este “em pé e de longe, nem mesmo levantava os olhos ao céu, mas lamentava-se profundamente”. E a oração dele era: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, um pecador!”.
Jesus afirmou que “este desceu justificado para casa, e não o outro; pois todo o que se exaltar será humilhado; mas o que se humilhar será exaltado.”
Meu irmão, em quem você confia quando ora? Em seus próprios méritos? No seu caráter e em quanto você tem feito coisas boas para Deus? Bem, tenho uma má notícia para você: Deus não ouve esse tipo de oração! Deus tem prazer em ouvir a oração daquele que confia unicamente em Seu Filho.
Existe um outro elemento que é imprescindível para que Deus nos ouça em nossas orações. Vejamos:
2– A oração que Deus ouve é aquela cujo parâmetro é a vontade de Deus
“E esta é a confiança que temos nele: se pedirmos alguma coisa segundo sua vontade, ele nos ouve” (v. 14).
Veja, João condiciona o atendimento às nossas orações à vontade de Deus.
Vivemos um tempo em que as orações viraram imposições de nossa vontade a Deus. Isso é claramente visto através das expressões muito usadas como: “Eu decreto”, “eu declaro”, “eu profetizo”, “eu determino”. Essas expressões fazem parte do movimento teológico de Confissão Positiva que tem mais a ver com as religiões orientais do que com o cristianismo bíblico.
Todavia, ainda que não usemos essas expressões, o fato é que muitas das nossas orações não estão preocupadas com o que Deus quer, mas com o que queremos. Tiago menciona isso. Veja:
“Pedis e não recebeis, porque pedis de modo errado, só para gastardes em vossos prazeres” (Tg 4.3).
Por exemplo, diante de um casamento ruim podemos orar para que Deus nos dê um outro casamento, mas, conforme as Escrituras, a vontade de Deus é que o casamento dure até que a morte nos separe. Podemos orar para que Deus mande fogo dos céus para os nossos malfeitores, mas, conforme as Escrituras, a vontade de Deus é que perdoemos aqueles que nos tem ofendido. Podemos orar para que Deus faça com que nossos governantes abram mais creches em nossa cidade, mas, conforme as Escrituras, a vontade de Deus é que haja mais mulheres dispostas a se dedicar a seus filhos. Podemos orar para que Deus nos dê muito dinheiro, mas, conforme as Escrituras, a vontade de Deus é que estejamos satisfeitos em toda e qualquer situação.
Veja que em todas essas situações, oramos. Mas essas orações não são ouvidas por Deus porque são contrárias à vontade dEle.
É por isso que Jesus nos ensinou a orar dessa forma:
“Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).
Diante disso, precisamos refletir se as nossas orações são determinações de nossas vontades para Deus, ou uma expressão de um coração prostrado diante da vontade do Deus Soberano.
pr. Nelson Galvão
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