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Qual é o seu maior problema hoje? Talvez seja uma doença, ou um desemprego, ou uma situação familiar. Quem sabe a saudade de alguém que já se foi, ou até mesmo a frustração pela incapacidade de resolver um conflito.
Entendo perfeitamente o quanto isso causa dor a você. Entretanto, raramente paramos para pensar que o nosso maior problema é a necessidade de salvação. Isso é o que precisamos urgentemente e desesperadamente. Sim, salvação! O que eu e você mais precisamos não é de uma promoção, ou da cura do câncer, ou de uma melhor condição macroeconômica para desenvolvermos melhor nosso empreendimento; mas sim, de salvação!
Bem, diante disso, segue-se algumas perguntas: Salvação do que? O que é preciso fazer para ser salvo?
Precisamos de salvação porque nos rebelamos contra o bom Deus e, por isso, fomos eternamente condenados. Nossa condição é de mortos e escravos do sistema pecaminoso desse mundo, escravos dos nossos desejos pecaminosos, e escravos do diabo (Ef 2.1-4). Para piorar, somos de tal maneira cegos que não conseguimos enxergar essa realidade (2 Co 4.4). Por rejeitarmos o bom Deus estamos debaixo da Sua ira (Rm 1.18 ss).
É exatamente por isso que precisamos de salvação! Em face disso, surge a segunda pergunta: O que é preciso fazer para ser salvo? Essa pergunta tem sido respondida basicamente de algumas formas.
A primeira forma de responder à essa pergunta é a que tem sido oferecida pela maneira de pensar do nosso tempo, caracterizado pela “modernidade liquida”: “Não existe pecado, não somos pecadores e, então não precisamos ser salvos”. Entretanto, não adianta ser negacionista em relação à realidade do pecado, assim como não adianta para um paciente diagnosticado com câncer negar que está com câncer. Isso não resolve o problema. A doença está lá e vai matá-lo se não forem tomadas as medidas necessárias.
A segunda forma de responder à pergunta é: “Seja o melhor que conseguir”. Todas as religiões ao longo da história humana têm respondido dessa forma. O judaísmo nos tempos do NT respondia dessa forma. O entendimento católico romano, desde a Idade Média, continua sendo que, embora Deus conceda sua graça, cabe a cada um tomar posse dela, esforçar-se para melhorar essa graça e merecê-la cada vez mais (Esse entendimento se manifestou de forma mais escandalosa na venda das indulgencias, de acordo com a bula “Unigenitus”, do papa Clemente VI, 1343 d.C).
Infelizmente, o “evangelho” dos pregadores couting vai nessa mesma direção e cativa os ouvintes que procuram mensagens que os fazem sentir-se melhores.
Perceba que nessas alternativas, no fim, a salvação, se necessária, está na capacidade humana de se apropriar das bênçãos que Ele disponibiliza. Logo, o mérito é do homem!
Foi por isso que o padre agostiniano Martinho Lutero (Séc. XVI), percebendo o quanto isso estava distante das Escrituras protestou veementemente contra tal ensino. Ele disse:
“A única doutrina que tenho supremamente no coração é a da fé em Cristo, de quem, por meio de quem e para quem todo o meu pensamento teológico flui para frente e para trás, noite e dia”.[1]
Sim, Lutero percebeu que a mensagem central e poderosa de toda a Bíblia é que somente pela fé em Cristo temos a salvação: “O Justo viverá pela fé” (Rm 1.17; Gl 3.11).
Talvez você pergunte: Se a redenção se dá unicamente pela fé em Jesus, por que vemos nas Escrituras tantas ordenanças? Em seu escrito “Liberdade do Cristão”, Lutero respondeu da seguinte forma:
“Eles só foram ordenados para que o homem veja neles a sua incapacidade de fazer o bem e aprenda a desesperançar-se consigo mesmo”.
É exatamente isso! Por exemplo, o mandamento “não cobiçarás”. Quem honestamente consegue viver à luz desse mandamento? Entretanto, a partir dele, temos a possibilidade de nos desesperar conosco mesmos. Esse é o propósito da lei! A lei não tem o propósito de salvar, mas nos mostrar o quanto somos pecadores e que, de fato, precisamos de salvação. E aí, quando nos deparamos com a nossa própria incapacidade, resplandece a luz imensurável de Jesus que disse:
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem, porém, mantém-se em desobediência ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. (Jo 3.36)
Meu querido leitor, quero encorajá-lo a desesperar-se consigo mesmo e receber o perdão de Deus que é oferecido unicamente por meio da morte e ressurreição de Seu Filho, Jesus Cristo. Se você está disposto a fazer isso, manifeste isso em palavras agora através de uma oração e, em seguida, procure uma igreja realmente bíblica para ter mais orientações.
Pr. Nelson Galvão
Referência
[1] Nichols, Stephen. Além das 95 teses: A vida, o pensamento e o legado de Martinho Lutero. Editora FIEL. Edição do Kindle
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