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Práticas inúteis




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 Vivemos na época da cultura plural. Na forma de pensar do nosso tempo, são bem-vindas todas as crenças, todos os ritos, todos os deuses, todas as práticas, por mais estranhos que possam parecer ao nosso dito “preconceito religioso”.

 

Mas aí tem uma “mosca nessa sopa”, o cristianismo! Sim, isso porque a fé cristã é monoteísta. Isso significa dizer que, para os cristãos, não somente existe um só Deus, mas também que todos os outros são falsos.

 

Nós vemos isso na ocasião em que Paulo e Barnabé estavam naquela que seria conhecida como a 1ª viagem missionária da Igreja Primitiva. Eles foram enviados pela Igreja de Antioquia e fazia parte do itinerário passar pela região onde hoje é a Turquia.  

 

A cidade de Listra pertencia a essa região e era uma colônia romana fundada em aproximadamente 25 a.C. A cidade era relativamente rica do ponto de vista comercial e, com isso, cultivava um grande pluralismo religioso, que era próprio da cultura greco-romana.

 

É nessa cidade que algo de interessante acontece (At 14). Eles pregaram o Evangelho e, na ocasião, um paralítico de nascença foi curado.

 

Porém, o mais curioso não foi exatamente a cura, mas o que sucedeu a ela: o povo de Listra considerou Paulo e Barnabé deuses. Isso mesmo! Eles gritavam insistentemente: “Os deuses desceram até nós em forma de homens.” A Barnabé chamavam Zeus, e a Paulo, Hermes (At 14.12).

 

A situação chegou ao ponto de o sacerdote de Zeus, cujo templo ficava de frente para a cidade, levar para as portas touros e coroas de flores e, juntamente com as multidões, querer oferecer-lhes sacrifícios.

 

Por que o povo de Listra agiu dessa forma? De acordo com a mitologia grega, Zeus e Hermes (provavelmente os principais deuses da região), em um passado distante, haviam visitado aquele vale e caminharam de uma ponta a outra pedindo para passar a noite. Eles foram rejeitados em todos os lugares, até que um casal de idosos teve misericórdia deles. Na manhã seguinte, os deuses destruíram todas as casas, construíram um grande templo para Zeus e transformaram o casal de idosos em sacerdote e sacerdotisa desse templo. Desde aquela época, toda a região esperava o retorno dos deuses de modo que pudessem compensá-los[1].

 

Foi aí então, que a população local pressupôs que Paulo e Barnabé poderiam ser esses deuses.

 

O que faríamos estando no lugar de Paulo e Barnabé? Eu imagino que muitos pregadores dos nossos dias aceitariam com muita alegria a crença de que eles são deuses e quem têm poder em si mesmos para realizar tal milagre! Ou talvez, como muitos missionários têm feito, se esforçariam para identificar os deuses dos povos à sua fé. Assim, poderiam dizer que Zeus é Deus Pai e Hermes é Jesus! Aliás, foi isso o que aconteceu na colonização do Brasil, com a evangelização católica aos índios e escravos africanos.

 

Bem, Paulo e Barnabé agiram bem diferente desses pregadores de hoje. Eles rasgaram as vestes (uma expressão de humilhação) e pregaram:

 

●      v.15 – Nós somos homens como vocês

●      v.15 – Nós anunciamos o Evangelho

●      v.15 – Para que vos afasteis dessas práticas inúteis e vos volteis para o Deus vivo

●      v.15 – O Deus vivo é quem fez o céu, a terra, o mar e tudo que há neles.

●      v.16,17 - Nos tempos passados ele permitiu que todas as nações andassem por seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, fartando-vos de mantimento e enchendo o vosso coração de alegria.

 

Veja que Paulo chama a mitologia grega de “práticas inúteis”. Por que seriam “práticas inúteis”? Por que dizem respeito a adoração de falsos deuses. É a mesma coisa que o salmista afirma:

 

“Os ídolos das nações são prata e ouro, obra de mãos humanas; têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; nem há fôlego algum em sua boca.” (Sl 135.16,17).

 

Ou seja, para o cristianismo só existe uma verdade: o Evangelho. Este diz respeito ao fato de que Deus se fez homem, morreu para pagar pelos nossos pecados, ressuscitou, reina para todo o sempre, em breve virá para restaurar todas as coisas e, aqueles que nEle creem viverão com Ele por toda a eternidade.

 

Dessa forma, tudo o mais é “prática inútil”. Não existe uma segunda via. Diante da verdade, o pluralismo dos nossos dias é somente uma falácia.

 

Existe hoje uma ressurgência de cultos antigos. A cultura pop tem divulgado amplamente através de filmes e séries os deuses dos antigos nórdicos, como Odin e Thor. No Brasil, cresce a popularidade do culto de origem africana, como o candomblé e a umbanda.

 

Um exemplo disso é a funkeira Anitta que lançou seu novo álbum: “Funk Generation”. Dessa vez, o que chama a atenção é a fé da cantora, o que vai além do erotismo habitual. No vídeo clipe da música “Aceita”, do novo álbum, são inseridas fotos da cantora em um terreiro de Candomblé.

 

Em entrevista de divulgação do álbum, Anitta disse que a canção faz referência a Exu. Ela disse: “Tem a ver com a minha religião, mas também com a cultura funk, que nada mais é também que cultura afro, que é a mistura e também a quebra de preconceitos religiosos que eu sempre gosto de fazer no meu trabalho, na minha vida”[2].

 

Bem, preciso dizer que defendo veementemente o direito da artista e de quem quer que seja, de professar a religião que achar por bem. Ela tem o direito ao culto e a propagação de sua fé. Rechaço ações que visam tolher o direito de indivíduos, ou instituições, de se manifestarem a respeito de sua fé.

 

Por outro lado, devo afirmar também que, de acordo com as Escrituras, essas e tantas outras, são práticas que Paulo se referia na ocasião de Atos como “inúteis”. Sendo assim, todos aqueles que têm esse tipo de prática precisam ouvir o Evangelho e voltar-se ao verdadeiro Deus, o Deus vivo.

 

Diante disso, quero encorajá-lo a pregar o Evangelho a seus familiares, amigos e colegas de trabalho, de escola, ou faculdade, que estão imersos em "práticas inúteis. Não se deixe calar pelo pluralismo de nossos dias. Paulo foi apedrejado nessa ocasião. Hoje, o apedrejamento se dá através de cancelamentos e processos judiciais. A despeito disso, assim como Paulo e Barnabé diante de um povo politeísta, precisamos nos erguer frente a uma cultura pluralista e apregoar para todos: Jesus Cristo é o verdadeiro Deus e a vida eterna (1 Jo 5.20).


pr. Nelson Galvão

 

 

Referências

[1] Grant R. Osborne, Atos dos Apóstolos, trans. Renato Cunha, Primeira edição., Comentário Expositivo do Novo Testamento (São Paulo: Editora Carisma, 2022), 305–306.



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