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Por Ele esperamos


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Outro dia acompanhei com muita admiração o foguete do Elon Musk. Ele conseguiu o inacreditável, trazer de volta o Starship e pousá-lo com segurança na plataforma que o agarrou com braços mecânicos! Realmente incrível! Ficamos realmente fascinados com a capacidade criativa humana. Bem-vindo à era da tecnologia!

 

Isso me faz lembrar da antiga Atenas. Essa cidade cosmopolita era o centro intelectual do mundo grego, e todos os grandes filósofos nasceram ou migraram para lá. Quando se trata de filosofia, é impossível deixar de pensar em Aristóteles, Sócrates, Platão, etc.

 

De igual modo, Atenas também era um dos maiores centros politeístas do mundo antigo. No séc. I A.D, Atenas tinha por volta de 30 mil habitantes e, de acordo com os historiadores, devia ter o dobro de estátuas e/ou figuras de ídolos. Todos nos lembramos das aulas de história antiga, que nos fascinavam com o panteão mitológico grego, dentre os que estava: Zeus (rei dos deuses), Hera (deusa do casamento), Poseidon (deus dos mares), Atena (deusa da sabedoria), e Afrodite (deusa do amor).

 

Foi nesse contexto, por volta do início do ano 51 A.D, que Paulo pregou o seu famoso sermão. Através dele, o apóstolo anunciou o “Deus Desconhecido”.

 

Esse sermão é magnífico. Eu o preguei em nossa igreja. Você pode ter acesso a ele na íntegra no canal de nossa igreja.

 

Uma das coisas que me chama muita a atenção nessa pregação de Paulo é a sua afirmação no v.25b-27:

 

“Pois é ele mesmo quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. 26De um só fez toda a raça humana para que habitasse sobre toda a superfície da terra, determinando-lhes os tempos previamente estabelecidos e os territórios da sua habitação, 27para que buscassem a Deus e, mesmo tateando, pudessem encontrá-lo.”

 

Veja, até esse ponto, Paulo afirmou que o Deus Desconhecido é: aquele que é honrado sem ser conhecido (v.22,23); é o Criador e Soberano (v.24); é onipresente e autoexistente (v.24b,25).

 

Agora no v. 25 a 27, Paulo afirma que o Deus Desconhecido é o doador e mantenedor da vida, da história humana e territórios.

 

Pare um pouco para pensar sobre isso. Em um contexto intelectualizado, materialista e politeísta, Paulo afirma que só existe um Deus, e é Ele quem dá a vida a todos, e o que é necessário para mantê-la, inclusive a respiração.

 

Essa afirmação de Paulo é uma alusão ao Sl 104. Nesse Salmo, o salmista pensa sobre a majestade de Deus revelada no fato de que é Ele o criador e sustentador da vida. Um dos versos mais bonitos do Salmo é o 27. Ao se referir aos animais do campo, as aves do céu, ao ser humano e aos seres inumeráveis do mar, o salmista afirma:

 

“Todos esperam de ti que lhes dê o sustento a seu tempo”.

 

É exatamente a esse conceito que Paulo se refere em Atenas. O ser humano conjectura, trabalha, planeja, constrói, destrói, faz guerras, estende seus domínios, desenvolve tecnologias das mais incríveis. Entretanto, por mais sofisticado culturalmente que seja, é do Senhor que vem o sustento a seu tempo!

 

Isso me diz duas coisas. Em primeiro lugar, isso demonstra a graça do bom Deus. Os teólogos chamam isso de “graça comum”. “Comum” não de ordinário, mas que é dada a todos. Ela se estende a todos os homens, mesmo àqueles atenienses politeístas, e aos filósofos ateus do nosso tempo.

 

Em uma cultura ateniense somos tentados a considerar soberbamente que somos autônomos e os protagonistas de nossa própria história. Bem, precisamos nos lembrar que vem dEle o sustento. O Deus Desconhecido é quem dá a vida e a sustenta.

 

A graça comum também aponta para a “graça especial”. Esta é aquela revelada na cruz de Cristo. O mesmo Deus, autor e sustentador da vida, se fez homem para dar a Sua vida em pagamento pelo nosso pecado. Através da fé em sua pessoa e obra, temos a redenção.

 

Em segundo lugar, o fato de que do Senhor vem o nosso sustento, também me diz que se o Senhor dá graciosamente o sustento, inclusive para aqueles que o rejeitam, como então Ele procede com aqueles que o amam, que confiam nEle e esperam por Sua provisão? É exatamente a isso que Jesus se refere no sermão do monte. Ele diz em Mt 6.25-30:

 

“Por isso vos digo: Não fiqueis ansiosos quanto à vossa vida, com o que comereis, ou com o que bebereis; nem, quanto ao vosso corpo, com o que vestireis. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros; mas vosso Pai celestial as alimenta. Acaso não tendes muito mais valor do que elas?

 Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar sequer uma hora à duração de sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao que vestir? Olhai como os lírios do campo crescem; eles não trabalham nem tecem; mas eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a planta do campo, que hoje existe e amanhã é jogada no forno, quanto mais a vós, homens de pequena fé?

 

A palavras de Jesus e a pregação de Paulo em Atenas devem nos renovar o ânimo. Temos a tentação de andarmos aflitos, abatidos, ansiosos, por causa do pensamento de que o nosso sustento, e de nossa família, é uma construção da conjuntura econômica, das nossas habilidades aplicadas da maneira correta e no tempo certo, e uma pitada de “sorte”!

 

Todavia, essa é a forma ateniense de pensar! A forma bíblica de pensar é: “É Ele quem dá a vida, a respiração e todas as coisas”.

 

Que a confiança na majestade e cuidado gracioso do Nosso Pai possa renovar nossas forças em meio a uma cultura que relega o Criador a um monumento “ao Deus Desconhecido”.


pr. Nelson Galvão

 

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