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Lições do sofrimento de um homem correto - Parte 4



Em Janeiro de 2011 estive com um grupo na cidade de Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Fomos para prestar solidariedade às vítimas do que se configurou como a maior tragédia natural da história do Brasil, onde centenas de pessoas morreram soterradas por deslizamentos.


Conhecemos várias pessoas e ouvimos suas histórias. Ficamos estarrecidos com a dimensão do desastre. Vimos um bairro inteiro soterrado, carros totalmente destruídos, casas que só podíamos ver o telhado, pois o restante estava debaixo da terra.


No retorno para casa, o silêncio no carro era a regra. Todos tinham uma só pergunta em mente: Por quê?


Na série “Lições do sofrimento de um homem correto”, já vimos, a partir da experiência de Jó, que: (1) Uma vida correta não implica em ausência de sofrimentos; (2) O sofrimento é restringido pela soberania de Deus; (3) a adoração a Deus independe das circunstâncias.


Hoje vamos ver que, em meio ao sofrimento, nem sempre conseguimos responder à pergunta: “por que?”. Isso porque Deus é inatingível e em muitas ocasiões não conseguimos entender seus caminhos. Dessa forma, o sofrimento é um convite à fé em Sua soberania e em Seu caráter bondoso, apesar de não entendermos os Seus caminhos.


No diálogo de Jó com seus três amigos, percebemos que estes o acusaram de pecado. A lógica dos amigos de Jó era a lei de Talião: o sofrimento vem sobre pecadores. Jó estava sofrendo com todas aquelas desventuras, logo era um pecador e precisava se arrepender. Veja, por exemplo, as duras palavras de Elifaz para o pobre moribundo Jó:


“Lembra-te disto agora: Qual foi o inocente que já pereceu? E os corretos? Onde foram destruídos? 8 Pelo que tenho visto, quem planta o pecado e semeia o mal haverá de colher isso.” (Jó 4.7).


Veja também as palavras mordazes de Bildade:


“Assim são os caminhos de todos os que se esquecem de Deus; a esperança do ímpio se acabará, a sua segurança será frustrada e a sua confiança será como uma teia de aranha.” (Jó 8.13,14).


Zofar não foi diferente de seus amigos e sentenciou:


“Se, porém, preparares o coração e estenderes as mãos para ele; se lançares a maldade que há na tua mão para longe de ti, e não deixares a perversidade habitar nas tuas tendas; então levantarás o teu rosto sem mácula, estarás firme e não temerás.” (Jó 11.13,14).


Que amigos, heim?!?! Espero não ter amigos assim!!! Nos lançamos com muita facilidade sobre o sofrimento dos outros e os sentenciamos implacavelmente: “pecador”. Entretanto, nos esquecemos que nem sempre os sofrimentos nos sobrevêm em função de nossos pecados.

Qual o problema da argumentação desses homens? Isso não seria mesmo a aplicação da justiça de Deus? A Bíblia afirma inúmeras vezes a justiça de Deus. Nas palavras de Abraão: “Não agirá com justiça o Juiz de toda a Terra?” (Gn 18:25; Veja também: Dt 32:4; Ed 9:15; Sl 7:9,11;145:17).


Sim, é verdade, mas não toda a verdade! Os amigos de Jó falaram de Deus, mas não conheciam a Deus. Foi isso o que o próprio Deus lhes disse. Vejamos:


“Ao terminar de dizer essas coisas a Jó, o SENHOR disse a Elifaz, o temanita: Estou irado contigo e com os teus dois amigos, pois não falastes a verdade a meu respeito, como fez o meu servo Jó.” (Jó 42.7).


Perceba, eles foram capazes de falar de Deus com tanta eloquência, mas sem conhecer o Deus de quem falavam!


Por outro lado, Jó dedicou grande energia para se defender dos ataques e afirmou categoricamente e terminantemente sua inocência.


Entretanto, em concomitância à sua defesa, Jó, em alguns momentos questionou a Justiça de Deus (Jó 9:14-29; 10: 2-7; 19: 5-7; 24: 1-12). Sendo assim, na concepção de Jó, ele não estaria recebendo o que merecia, visto que era inocente.


A resposta de Deus a Jó é esclarecedora a respeito desse assunto: ““Aquele que contende com o Todo-poderoso poderá repreendê-lo? Que responda a Deus aquele que o acusa! Você vai pôr em dúvida a minha justiça? Vai condenar-me para justificar-se?” (Jó 40: 2,8).


Aqui, Deus não fornece uma explicação sobre o porquê de suas ações serem justas, mas relaciona a Sua Justiça com Sua soberania. Com isso, Ele é justo e soberano para fazer valer os Seus propósitos e ainda assim, continuar sendo justo.


De fato, acreditamos com certa facilidade na soberania de Deus e em seu total poder para fazer cumprir os Seus planos. Entretanto, quando nos deparamos com o sofrimento pessoal cuja causa não conseguimos identificar, a justiça de Deus é de pronto questionada. Devemos nos lembrar que Deus é Todo-poderoso e Justo. Isso significa que Ele faz valer a Sua justiça, no Seu tempo, e à sua maneira, porque Ele mesmo é o padrão de toda justiça.


Derramamos muitas lágrimas advindas de situações das mais variadas: um câncer, um acidente de trânsito, uma tragédia natural, um desemprego. Por que passamos pelo que passamos? Em situações específicas, é possível que não saibamos.


Sendo assim, eu quero encorajá-lo a confiar na soberania e bondade de Deus, ainda que você não entenda os propósitos divinos. Nesses momentos somos convidados a confiar naquele que já provou que se importa conosco, a ponto de enviar Seu próprio Filho para morrer para o perdão dos nossos pecados.


Pr. Nelson Galvão



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