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  • indaiatubapibi

Eu nao consigo!

Atualizado: 28 de mar.



Vou compartilhar a experiência de uma amiga minha. Ela tem lutado com algumas questões do seu coração pecador e chegou – de novo! – à dolorosa constatação de que não consegue obedecer ao que Deus diz. 


Não me entendam mal, ela é crente no Senhor Jesus. Pela graça de Deus, ela já creu em Jesus como seu único e suficiente Salvador, confiou exclusivamente nele para o perdão dos seus pecados e para sua reconciliação com Deus. 


Mas ela tem enfrentado alguns dilemas. Ela sabe, por exemplo, que deve perdoar quem a ofende (pois Cristo perdoou sua dívida incomparavelmente maior). Ela sabe, também, que deve amar o próximo como a si mesma. E eu poderia continuar listando uma porção de coisas que ela sabe que Deus espera dela... Mas que ela simplesmente não consegue fazer. 


Ao pensar sobre isso, lembrei-me daquela frase de Jesus: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Talvez isso explique o “Eu não consigo!” da minha amiga. E, para tentar ajudá-la, decidi investigar o que esse texto diz. 


A passagem de João 15.1-17 encontra-se no meio do discurso de despedida de Jesus aos seus discípulos. Naquela mesma noite ele seria traído, preso e, no dia seguinte, crucificado. Jesus estava preparando seus discípulos quanto à sua iminente morte e ressurreição. Se você ler essa passagem, perceberá que Jesus fala de videira, ramos e frutos. E sobre permanecer.  


A primeira afirmação de Jesus em João 15 é que ele é a videira verdadeira, e seu Pai é o agricultor. Aos discípulos, ele chama de “ramos” (v. 5). Ramos de videira. A metáfora implica uma relação de total dependência. O que é um ramo fora da videira? Apenas um galho seco que não serve para nada. É a videira que dá vida aos ramos. Somente permanecendo na videira é que os ramos podem produzir frutos.  


Jesus menciona dois tipos de ramo: o que não dá fruto e o que dá fruto (v. 2). E a ação do Pai, o agricultor, em relação a esses ramos é: ao que não dá fruto, ele corta; ao que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto. 


Precisei parar um pouquinho aqui e perguntar: Quem são esses ramos que não dão fruto? Será que Jesus está falando de crentes infrutíferos? Ou de pessoas que não são verdadeiros discípulos? Pela sequência do texto, provavelmente “a pessoa simbolizada por tal ramo não é um crente verdadeiro (veja Jo 15.6,8). [...] refletindo uma reivindicação de estar em Cristo que não é genuína e não indicando uma regeneração real ou fé verdadeira. Este, então, seria um dos vários versículos em João que mostra que nem todos os que seguem a Jesus por algum tempo e ouvem seu ensino são crentes genuínos (cf. 6.66; também 13.10-11 sobre Judas).”1 


Dois versículos na continuação do texto parecem confirmar isso: o verso 6 descreve o destino daqueles ramos que não permanecem em Jesus. Esse é o retrato claro do juízo de Deus sobre os que rejeitam a Cristo. E, por outro lado, o verso 8 afirma que os discípulos mostrarão que são discípulos justamente por dar muito fruto! 


Então, se minha vida não está produzindo frutos, preciso me perguntar: Será que ainda não sou verdadeiro discípulo de Cristo? Ou será que não estou permanecendo nele?  


Mas há também o ramo que dá fruto – e a esse, Deus limpa (poda) para que produza ainda mais. A poda fala sobre a retirada, o corte, a limpeza de tudo aquilo que impede a frutificação. E isso me faz lembrar que Deus não está interessado em nosso conforto tanto quanto em nossa frutificação! Como ele faz essa limpeza? O versículo 3 esclarece: pela palavra de Jesus! 


Nesse momento, fiquei pensando se o fato de minha amiga constatar sua absoluta incapacidade de obedecer a Deus não faz parte desse processo de poda do Senhor. Ela poderia facilmente culpar as circunstâncias, os relacionamentos difíceis ou qualquer outra coisa – com certeza já fez isso antes! Mas, pela graça de Deus e por sua Palavra, percebeu que o problema é interno: seu próprio pecado. E se isso não for tratado (limpo), não haverá bons frutos. 


Os frutos falam do resultado, do produto de uma vida piedosa.2 Ramos que permanecem na videira devem dar uvas. Discípulos que permanecem em Cristo, o que vão produzir? “Fruto é um símbolo dos bons resultados que provêm da vida de um crente, provavelmente em termos de trazer benefício para a vida de outros e propiciar o avanço da obra de Deus no mundo”.3 O fruto também pode representar o caráter transformado por Cristo. É o que vemos em Efésios 5.8,9: “pois no passado éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Assim, andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em toda bondade, justiça e verdade)”. E em Gálatas 5.22,23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, amabilidade e domínio próprio”. O fruto de andar no Espírito – ou permanecer na videira – é o próprio caráter de Cristo reproduzido em seus discípulos. 


– É exatamente disso que eu preciso! É assim que quero ser – diz minha amiga. – Como produzir esse fruto? 


Bem, acho que João 15 nos ajuda nisso. Por treze vezes Jesus repete o verbo “permanecer”! “Permanecei em mim” (v. 4). “Permanecei no meu amor” (v. 9). “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto” (v. 5).  


Permanecer significa ficar, manter-se, conservar-se em um relacionamento pessoal com Jesus, estar em comunhão com ele. Como fazemos isso? O texto nos dá dicas: 


* Pelas palavras de Jesus (v. 7): “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós...” Para permanecer em Jesus, precisamos que sua palavra permaneça em nós. Não é possível separar Jesus de suas palavras; não dá para seguir a Jesus e, ao mesmo tempo, rejeitar seu ensino. 


Pela obediência aos mandamentos de Jesus (v. 10): “Se obedecerdes aos meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Quando não obedecemos ao que aprendemos de Cristo, estamos enganando a nós mesmos (Tg 1.22). Se não obedecemos, não permanecemos em Cristo. 

Certo, digamos então que permanecemos em Cristo. Ouvimos sua palavra, obedecemos aos seus mandamentos. O que acontece? Há algumas promessas maravilhosas de Jesus no texto. Embora eu tenha que passar por elas rapidamente, não deixe de meditar na preciosidade destas palavras: 


Produzimos muito fruto (v. 5): “Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.”


O Pai nos concede o que pedimos em nome de Jesus (v. 7,16): “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido.”  


Deus é glorificado (v. 8): “Meu Pai é glorificado nisto: em que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” 


Temos alegria completa (v. 11)! “Eu vos tenho dito essas coisas para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja plena.” 


Ao refletir sobre isso, sugeri à minha alma – quero dizer, à minha amiga: Experimente permanecer em Jesus. Confie e dependa inteiramente dele para dar frutos. Peça a ele para produzi-los em sua vida, para que, assim, o próprio Deus seja glorificado (e não você). E enquanto espera e permanece em Jesus, desfrute da alegria plena que ele dá. 


Ela ainda quis choramingar:  


– Mas eu não consigo... 


Então lhe mostrei que, em Cristo, ela tem os recursos de que precisa para fazer o que ele manda. Se ele nos ordena amar uns aos outros (v. 12,17), então ele nos capacitará a amar. Se ele deseja que perdoemos, então nos ajudará a perdoar. E se tem algo em João 15 que nos dá esperança e confiança é que, definitivamente, é Jesus quem faz tudo.

Quer ver só? 


* v. 3 – É ele que limpa os ramos por sua palavra; 

* v. 4 – Ele permanece em nós; 

* v. 5 – Ele nos faz produzir muito fruto; 

* v. 9,12 – Ele nos amou; 

* v. 10 – Ele dá o exemplo de obediência; 

* v. 11 – Ele nos dá a sua plena alegria; 

* v. 13 – Ele deu a vida por nós; 

* v. 14,15 – Ele chama seus discípulos de amigos; 

* v. 15 – Ele revelou tudo quanto ouviu de seu Pai; 

* v. 16 – Ele nos escolheu; 

* v. 16 – Ele nos designou a ir e dar fruto. 


O argumento final está no versículo 16: “Não fostes vós que me escolhestes; pelo contrário, eu vos escolhi e vos designei a ir e dar fruto, e fruto que permaneça”. Jesus nos escolheu e nos designou para produzir fruto e, com isso, glorificar o Pai. Então é exatamente isso que ele vai fazer! 


No que depender de mim, realmente não consigo – ops!, quero dizer minha amiga, ela não consegue. Mas, graças a Deus, não depende dela. Ela só precisa permanecer em Jesus. 

 


 Priscila Michel Porcher 


Priscila é esposa do Marzo e mãe do João Victor e da Laila. Membro da Primeira Igreja Batista em Indaiatuba, onde ama servir ao Senhor junto às mulheres e na turma de Juniores. É formada em Letras, trabalha com revisão de Português e escreveu Meninos como você, da Editora Peregrino.


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