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“Eu fiz tudo errado! É o fim!” Você já disse isso alguma vez, ou está dizendo isso? Trata-se da experiência de sofrimento que nos leva a profunda angústia, ao desespero.
Essa experiência nos leva a pensar teologicamente. Pensamos nas razões que nos levaram a situação em que nos encontramos. E aí nem sempre respondemos biblicamente ao sofrimento.
Uma dessas respostas biblicamente erradas ao sofrimento é quando tudo vai de mal a pior e creditamos ao diabo as nossas mazelas. Claro que não vou fazer aqui o papel de advogado do diabo. Existem sim, aflições que ele nos acarreta. A questão é: será que todas? Acho que não!
Todavia, é essa a teologia de muitos evangélicos no Brasil. Esse é um dualismo que acredita que as coisas boas que nos acontecem são de autoria divina, enquanto as coisas más são obra do maligno, portanto, devem ser amarradas, rejeitadas, etc.
Porém, me permita colocar uma mosca nessa sopa dualística!! E se as coisas “ruins” que eventualmente nos sobrevêm vierem da parte de Deus?
É isso que vemos nas Escrituras. Vamos nos deter especialmente na experiência de Jonas hoje.
O profeta enfrentou uma grande tempestade, foi atirado ao mar e engolido por um grande peixe. Levado às profundezas do oceano e tendo experimentado o que ele descreveu como “Sheol”, Jonas se colocou a amarrar o diabo, decretar/declarar vitória, fez campanhas de jejum e deu 7 voltas ao redor do ventre do peixe!! Foi isso mesmo?! Não! Claro que não! Isso seria até mesmo ridículo! Aliás, essa é uma boa palavra para descrever a prática de muitas igrejas hoje, ridículo!
Veja o que Jonas disse:
“Tu me lançaste nas profundezas, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas torrentes e ondas passaram por cima de mim.” (Jn 2.3).
Quem colocou Jonas naquela situação? O Senhor. No v. 4, o profeta ainda disse: “Lançado estou de diante dos teus olhos”.
Essa afirmação nos conecta a Jn 1.3. Quando a Palavra do Senhor foi dada a Jonas, este se levantou para fugir da presença do Senhor.
Sendo assim, a fuga de Jonas da presença do Senhor resultou em sua expulsão da presença do Senhor e, na consequente situação de “Sheol”, morte.
As palavras de Jonas são um eco de Gn 3. Adão se rebelou contra o Bom Deus e se escondeu do Senhor. Por fim, foi expulso do Éden e experimentou a morte.
É isso o que o pecado faz. Ele nos faz fugir da presença do Senhor, somos expulsos da presença dEle e por fim, experimentamos a morte.
É exatamente isso que o apóstolo Paulo diz aos romanos:
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
Qual é a solução, então? Não é dar ordens para o diabo. É voltar-se humildemente para a provisão de salvação de Deus, Jesus Cristo. Paulo em Rm 6.23 continua:
“mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 6.23).
Ou seja, a única solução para as consequências de nossa rebeldia é a confiança única em Cristo, como o Deus que se fez homem para pagar pelos nossos pecados. A partir dEle temos o perdão e somos salvos da ira de Deus.
Agora veja, Jonas era um profeta! Ou seja, mesmo crentes no Senhor Jesus, tendo os pecados perdoados, podemos sofrer situações que Deus infringe, e isso por causa dos nossos pecados.
Entretanto, preste atenção aqui! Existe uma diferença para os não crentes. Os não crentes recebem o juízo de Deus; os crentes, a disciplina. O autor de Hebreus fala sobre isso. Em Hb 12.10, está escrito:
“Deus nos disciplina para o nosso bem, para sermos participantes da sua santidade.”
Em outras palavras, Deus levou Jonas para as profundezas do oceano, não porque fosse mal e quisesse ver Jonas sofrer; ao contrário, foi para que o profeta aprendesse sobre a Sua misericórdia. Misericórdia essa que Ele demonstrou para com os marinheiros, para com o próprio Jonas e para com os ninivitas.
Isso significa que em muitas ocasiões pecamos contra o Senhor e continuamos no pecado. Aí então, Ele nos aflige com o propósito de fazermos parte de Sua santidade, para que voltemos para Ele em arrependimento, crendo na Sua misericórdia.
Veja, preste muita atenção, não estou dizendo que todo sofrimento é resultado de um pecado. Sim, todo o sofrimento é resultado do primeiro pecado que cometemos em Adão. Mas não significa que todo sofrimento se dá por conta de um pecado específico. Esse seria um outro erro teológico que foi expresso pelos amigos de Jó.
O que estou dizendo é que nem todos os sofrimentos são por conta de pecados específicos; porém, sim, existem sofrimentos dos quais passamos que são o tratamento de Deus para conosco.
Existem pessoas que apesar da exortação, permanecem em rebeldia. Permanecem endurecidas, resolutas em sua obstinação. Apesar de continuar frequentando uma igreja bíblica regularmente, seguem fechadas para a vontade de Deus revelada em sua Palavra. É aquela jovem que insiste em namorar um descrente; é aquela mãe que insiste em trabalhar fora, e deixa a educação de seus filhos para terceiros; é aquele pai que não lidera a sua casa, e se esconde atrás de horas de entretenimento em jogos e filmes; é aquele jovem que, apesar de professar a fé em Cristo, vive em relações promíscuas; é aquele profissional que vive em negócios escusos; é aquele casal que decide por não viver mais juntos; é aquele irmão que provoca confusão na igreja e decide viver “por conta própria”.
Estes, conforme Pedro, terminam sofrendo por conta do seu pecado. Acabam sofrendo “como homicida, ladrão, praticante do mal, ou como quem se intromete em negócios alheios.” (1 Pe 4.15).
Entretanto, existe esperança! Assim, como fomos salvos pela fé no Senhor Jesus, somos santificados também pela fé nEle. Na ocasião em que nos encontramos desesperadamente em aflição e achando que tudo está perdido, Deus revela a Sua misericórdia!
Talvez você esteja passando por alguma situação em que esteja dizendo: “Eu fiz tudo errado; não tem mais volta; é o fim”. Bem, é exatamente para esse momento que o Senhor o tem conduzido.
Dessa forma, quero convidá-lo a se voltar para o Senhor em arrependimento, confessar o seu pecado, confiar na morte e ressurreição de Cristo e, por fim, experimentar da graça, misericórdia e perdão do Senhor revelados em Jesus. Assim então, poder desfrutar da comunhão restaurada com o Pai e orar junto com Jonas: “mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor, meu Deus” (Jn 2:6).
pr. Nelson Galvão
Pr Nelson, que reflexão maravilhosa, e como é bom saber que não somos bastardos , mas filhos amados , alvo do cuidado e da direção em todo tempo🙏