Vivemos tempos difíceis. A pandemia do Covid-19 levou conhecidos, amigos, entes queridos, sem falar da recessão econômica que ela causou.
A Guerra Russia x Ucrania já vai completar 1 ano e até agora ceifou em torno de mais de 240 mil pessoas[1].
A política nacional infringe na maior parte da população brasileira um total desalento. Embora a propaganda da grande mídia insista em vender uma imagem de que a democracia venceu, a verdade é que nos foi empurrado de goela abaixo um presidente que foi condenado por corrupção, de acordo com o que foi noticiado amplamente por essa mesma mídia[2].
Diante de tal quadro ficamos cada vez mais temerosos quanto ao fututo. E agora, o que vai ser? O que 2023 nos reserva?
Mais do que nunca precisamos nos voltar para as Escrituras e escutar o que ela tem a nos dizer.
O contexto da igreja do fim do séc. I d.C era muito diferente do nosso, mas não menos desafiador para os cristãos.
Nesse tempo, o imperador de Roma era Domiciano (a.D. 81-96). Ele assumiu o título Dominus et Deus (senhor e deus) e proclamou a divindade de sua mãe e de seu filho.
Durante esse período, o império romano se colocou oficialmente contra o cristianismo, o considerando uma religio illicita. Muitos foram presos, torturados e mortos por causa de sua fé em Cristo. Inclusive João, ao recusar-se a aceitar as imposições blasfemas do império foi forçado ao trabalho escravo nas minas de sal na ilha de Patmos.
É nesse contexto que João escreve o livro de Apocalipse. Me chama a atenção os primeiros versos:
“4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça a vós e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete espíritos que estão diante do seu trono, 5 e da parte de Jesus Cristo, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra, que é a fiel testemunha. Àquele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue, 6 e nos constituiu reino e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele sejam glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém. 7 Ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão por causa dele. Sim. Amém. 8 Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso.” (Ap. 1.4-8).
Perceba como Jesus é retratado nesses poucos versos. Sua pessoa e obra têm um papel central.
1. Cristo é a fonte de graça e paz (1.4).
Jesus aparece com o Pai e o Espírito como a fonte de graça e paz aos crentes. Não é estranho, então, encontrar que as últimas linhas de Apocalipse também se refiram à “graça do Senhor Jesus”, a capacitação necessária em tempos de tribulação (cf. 22.21).
2. Cristo é Rei sobre todos (1.5a).
No passado, Ele foi a testemunha fiel; agora, Ele é o primogênito (πρωτότοκος; cf. Cl 1.16) da nova criação de Deus; e no futuro, Ele será o rei de toda a Terra. Essa apresentação se conforma aos três papéis que Jesus tem no drama eterno: Profeta, Sacerdote e Rei. Também serve para marcar as divisões do livro, visto que o capítulo 1 fornece o testemunho de Cristo, os capítulos 2 e 3 apresentam o papel de Cristo como Cabeça da Igreja, e o restante do livro retrata os eventos que levam ao Seu reinado universal.
3. Cristo é o Rei que ama o Seu povo (1.5b-6).
Aqui João enfatiza o passado e o presente, Seu amor sacrificial e a posição exaltada outorgada aos crentes com base na obra redentora de Cristo.
4. Cristo voltará (1.7).
O conteúdo messiânico desse versículo não pode passar despercebido. A menção de nuvens identifica Jesus Cristo com o Filho do Homem de Daniel 7.13 (Jesus tinha se identificado com essa figura escatológica e isso Lhe merecera a acusação de blasfêmia diante do Sinédrio; cf. Mt 26.64), enquanto a alusão a Zacarias 12.10 relaciona a morte de Jesus na cruz à esperança messiânica de Israel. Essa descrição especificamente judaica de Jesus aponta para a ênfase em Israel que se encontra mais adiante no livro.
5. Cristo é Deus Todo-Poderoso (1.8).
O uso de Alfa e Ômega aponta para a majestosa descrição de Deus em Isaías 40 e é um merisma usado para indicar que Cristo é tudo em todos. Esse versículo enfatiza então a divindade de Jesus em Sua eternidade e onipotência.
Que visão encorajadora! Os crentes do 1º século foram impactados com a visão do Cristo exaltado e governante sobre o universo, inclusive sobre os governos humanos. Não é à toa que eles estavam dispostos a sacrificar suas vidas a abrir mão de suas convicções. Eles entendiam que, antes de mais nada, serviam a Cristo, ao Deus soberano, e não a um rei romano megalomaníaco.
Que visão encorajadora para nós também. A visão de João na ilha de Patmos nos diz que a história não está desgovernada; ela tem uma direção. Ela está rumando de acordo com o plano do Deus Eterno, para o fim que Ele determinou, a Sua própria glória.
Querido irmão, não se aflija como aqueles que não tem esperança! Ainda que tudo ao nosso redor esteja em caos, sabemos que o Nosso Deus soberano, Jesus Cristo, reina e governa todas as coisas para o fim que Ele mesmo ordenou.
pr. Nelson Galvão
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