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Deus conosco


Certa vez estive em um shopping e me chamou atenção a tradicional praça enfeitada para o Natal. O tema era: “O Natal dos esquilos”!


Nada contra esquilos! Eles são bonitinhos! O meu ponto aqui é que é curiosa a ausência de qualquer referência ao verdadeiro sentido do Natal. Na verdade, isso não deveria surpreender-nos. Essa é só mais uma expressão do avanço do secularismo na cultura ocidental que empreende intencionalmente todo um esforço para “cancelar” todos os vestígios de Jesus na cultura.


Diante disso ficamos a mercê de um Natal esvaziado de Jesus, um verdadeiro Frankenstein cultural!!!


Antes de qualquer coisa, o Natal é a celebração do Deus conosco.

Me permita explicar. No Natal se cumpre uma profecia. É isso aí, você leu bem, profecia! Acompanhe comigo: os registros históricos a respeito do nascimento de Jesus são abundantes. Entretanto, um deles me chama muita a atenção, o Evangelho de Mateus.


Veja que na descrição que Mateus faz a respeito do nascimento de Jesus, ele relata o que o anjo disse a José (Mt 1.20-23). José estava aflito porque Maria estava grávida sem que tivesse tido relação sexual com ele. Com isso, aparece um anjo em sonho a José e faz declarações a respeito da criança.


Após o anúncio do nascimento de Jesus, Mateus acrescenta um comentário:


Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mt 1.22,23).


Esse comentário que Mateus faz a respeito do nascimento de Jesus é extremamente comum em todo o Evangelho: “para que se cumprisse o que fora dito”.


Nessa frase existe um verbo grego que é muito importante: plêroô, que quer dizer cumprir. Esse verbo aparece várias vezes no Evangelho de Mateus (1.22; 2.15,17,23; 4.14; 8.17; 12.17; 13.35; 21.4; 26.54-56; 27.9). Com isso, Mateus tinha a intenção de levar o leitor a considerar as profecias do Antigo Testamento a respeito do Messias[1].


Em outras palavras, Mateus nos leva a perceber que o que os profetas viram e anunciaram a respeito do Messias, se cumpriu totalmente na pessoa de Jesus Cristo. Jesus é o Messias esperado! Mas... que tipo de Messias?


Observe com cuidado para o que Mateus apontou. O Evangelista se referiu à profecia de Isaías, que foi proferida há quase 800 anos antes do tempo do apóstolo: “ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).”


A profecia tinha um primeiro referencial e foi cumprida no ano 722 a.C, ocasião em que Samaria caiu e sua população foi deportada para além da Assíria, enquanto que o remanescente de Israel foi preservado.


Entretanto, Mateus percebeu que a profecia de Isaías se cumpria plenamente em Cristo. Ele viu que, conforme a profecia apontava, a virgem ficou grávida e deu a luz um filho, que se chama: “Deus conosco”.


Sim, Ele não seria nada menos que o próprio Deus encarnado. Ele não seria apenas um mestre ou um rei, Ele seria Deus!


Agora, observe o que o anjo diz para Maria: “ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Veja ainda a profecia de Isaías (9.1,2) conforme citada por Mateus:


Para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías:


"Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios! O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz." (Mt 4.14-16).


Assim como Deus interveio na história de Israel e salvou o remanescente, Ele também intervém em nossa história, salvando aqueles que creem. Perceba que o remanescente que foi salvo na história de Israel foi aquele que creu na promessa. Eles não foram salvos pelos seus méritos, por sua própria justiça. Eles foram salvos porque creram na promessa. De forma semelhante, aqueles que serão salvos em nosso tempo serão aqueles que creem na promessa de salvação.


Em outras palavras, eu e você estamos perdidos por conta de nossos pecados, por conta de uma vida de rebeldia contra Deus e Sua vontade. A menos que sejamos salvos da justa ira de Deus, pereceremos em nossa rebeldia.


Assim, Deus providenciou a salvação: Jesus Cristo.


Sendo assim, aproveite a ocasião do Natal para refletir que a reunião em família, os comes e bebes, a troca de presentes, as luzes na cidade, tudo isso somente fará sentido se celebrarmos o perdão dado por Deus, em Cristo, que nos liberta das trevas e nos transporta para o Seu Reino. Esse perdão nos transforma e transforma as nossas relações. É por isso que o Natal é uma festa que não faz sentido para tantas pessoas, mesmo aquelas que se identificam como cristãs. Essas a consideram uma festa nostálgica, chata, superficial, etc. Sim, ela se torna assim, se não reconhecemos o nosso pecado e a imensidão do perdão de Deus oferecido por meio de Cristo.


O Natal é o cumprimento da profecia de que Deus providenciaria a salvação para aqueles que creem no Salvador. A profecia foi cumprida. Deus enviou o Salvador, Cristo Jesus. Ele veio para nos salvar de nossos pecados! Nós, pecadores, celebramos o perdão dado por Deus! O Natal é celebração para pecadores que foram perdoados! No Natal celebramos Deus conosco.


Pr. Nelson Galvão



Nota [1] Veja que Mateus nos convida a uma viagem no tempo. O Evangelista nos leva ao séc. 8 a.C, na ocasião da profecia de Oséias (Mt 2.15; Os 11.1), ao século 7 a.C, no tempo do profeta Jeremias (Mt 2.17 e Jr 31.15; Mt 27.9 e Zc 11.12; Jr 32.6-9) e no tempo da composição dos Salmos (Mt 13.35; Sl 78.2). Todos esses escritores do Antigo Testamento viram o que estava por acontecer e que se cumpriu nos dias de Mateus.

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