
De acordo com a organização Portas Abertas, o cristianismo é a religião mais severamente perseguida em todo mundo. Segundo a agência alemã Idea, estima-se que anualmente, 90 mil cristãos são assassinados. Dos 2,2 bilhões de cristãos no mundo, estima-se que 10% estão sendo perseguidos ou intencionalmente prejudicados.[1]
E essa perseguição tem crescido, seja por razões religiosas, ou por conta do totalitarismo estatal.
Essa perseguição tem contornos bem diferentes nos países ocidentais. Por aqui, o Estado não cala, prende, tortura, ou mata o cristão. Entretanto, não se engane, a perseguição tem suas caras! Em países ocidentais, cujo a democracia e a liberdade religiosa são matizes fundadoras, é crescente a pressão, por parte de organizações não governamentais, pela admissão de pautas identitárias. Com isso, existem inúmeros cristãos nesse exato momento que têm sido pressionados de alguma forma a aderir às pautas identitárias da cultura woke, seja por parte de órgãos governamentais alinhados à esquerda, ou universidades cujo a ideologia da maioria dos professores é stalinista, ou por parte de multinacionais.
Somos ameaçados e intimidados para nos calar quanto ao Evangelho e suas implicações para o casamento, filhos, trabalho, política, etc. Diante disso, a pergunta que surge é: o que fazer?
Penso que o livro de Atos pode nos ajudar a responder a essa pergunta. Uma das palavras que mais aparece no livro de Atos é “coragem”. Só no cap. 4 aparece por 3 vezes. O contexto era de perseguição crescente. Na ocasião, Pedro e João foram presos por anunciar que somente em Jesus, o Cristo, temos a salvação. Na prisão, foram intimidados e pressionados a se calar, e deixar de pregar o Evangelho.
O que fizeram diante das ameaças? Bem, o que nós temos feito? Eu confesso que sou tentado a aceitar o “convite” ao silêncio! Quem sabe me calar, esperar passar e deixar que outros o façam! Quem sabe relativizar aquilo que é absoluto (puxa, usei uma palavra que é uma heresia em muitos meios!!!).
Bem, é nesse contexto que aparece a palavra “coragem”. Acompanhe comigo:
1-At 4.13: “Observando a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens simples e sem erudição, eles se admiravam; e reconheceram que eles haviam convivido com Jesus.”
A coragem da pregação de Pedro e João foi notada até mesmo pelos adversários!
2-At 4.29: “olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem a tua palavra com toda coragem”
Uma vez soltos eles oraram por coragem para continuar a pregar. Eles não pediram para que Deus parasse a perseguição. Eles não pediram um tempo favorável para que pudessem pregar com tranquilidade. Eles oraram: “Senhor, não permitas que nos enfraqueçamos diante da oposição. Não permitas que transijamos. Continua a realizar teus propósitos e ajuda-nos a trabalhar em prol deles”[2].
3-At 4.31: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a anunciar com coragem a palavra de Deus.”
Isso nos suscita uma pergunta: o que é ficar cheio do Espírito Santo? Vejamos as vezes que aparece essa palavra em Atos:
-At 2.4 - Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
Então, ficar cheio do Espírito Santo é falar em línguas? Não, eles falaram em outros idiomas porque ali havia gente de vários países. Cheios do Espírito eles anunciaram a Palavra de Deus para cidadãos oriundos de diversas localidades (2.11).
-At 4.8 – Quando Pedro foi preso, cheio do Espírito Santo pregou a Palavra.
-At 9.17-20 – Paulo, cheio do Espírito Santo pregou a Palavra
Foi exatamente isso que aconteceu em At 4.31. Eles ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram o Evangelho, mesmo em um contexto de ameaças.
Veja, eles não falaram línguas estranhas, não dançaram no espírito, tiveram visões. Não fizeram nada do que muita gente tem feito hoje.
Cheios do Espírito Santo, eles anunciaram com coragem a Palavra de Deus! Quer um sinal visível de que você está cheio do Espírito Santo? Você está anunciando Jesus com toda coragem, mesmo a despeito das ameaças?
Como precisamos de coragem para nos posicionar! No púlpito, como pregador do Evangelho, tenho que ter coragem para me posicionar diante dos ditames culturais de nossa época. E por vezes sou tentado a me calar, ou relativizar. Por favor, lembre-se de orar por mim.
Entretanto, esse posicionamento não é uma prerrogativa somente dos pastores. Todos os discípulos de Cristo são chamados a, com coragem, dar a razão de sua fé. Seja diante das ameaças de um chefe incrédulo; ou das ameaças de um marido/esposa; ou diante das ameaças de amigos, ou colegas de trabalho.
Todavia, entenda. Essa coragem não nos é inata. Ela vem do Senhor, por meio da operação do Espírito Santo. Então, que estejamos de joelhos diante do Nosso Rei soberano Jesus Cristo, para que possamos estar de pé diante das ameaças desse mundo de trevas.
pr. Nelson Galvão
Referências
[2] Albert Mohler. Atos 1-12 para você. Ed. Vida Nova. p. 74
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