Ela recebeu um diagnóstico médico difícil, mas escolheu viver os dias que Deus lhe der com alegria e satisfação, apesar da dor. Ela se tornou viúva e, em sua fraqueza, tem descoberto a força de Deus, que a sustenta. Seu marido não obedece à Palavra, mas, em submissão ao Senhor, ela se reveste de um espírito dócil e tranquilo. Com filhos pequenos e uma rotina agitada, ela busca no Senhor a energia para ser a mulher que Ele deseja, diariamente.
Como pode? Como é possível que tais mulheres irradiem alegria, paz, descanso e satisfação em situações adversas? Em circunstâncias tão difíceis? Será que existe algum segredo?
Eu acho que sim. Um segredo que precisa ser aprendido...
“Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem-alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.10-13).
O apóstolo Paulo aprendeu o segredo de viver contente. Nosso coração não se inclina naturalmente para o contentamento, por isso precisamos aprendê-lo. Se esta fosse nossa tendência natural, não haveria tantas mulheres murmuradoras, inquietas, deprimidas, estressadas, sobrecarregadas, sempre desejando mais coisas ou melhores circunstâncias. Pensando bem, o contentamento nem mesmo é uma tendência cultural. Nossa cultura quase valoriza o estresse, a agitação, o esforço desenfreado para “prosperar”. Alguém que vive em paz e satisfeito é visto com desconfiança – talvez seja preguiçoso, sem ambição ou conformado demais...
Viver contente é, sim, ser conformado... Conformado à imagem de Jesus! É ser mais parecido com Ele, que deu o exemplo perfeito de contentamento ao obedecer em tudo à vontade do Pai.
O contentamento já foi definido como “satisfazer-se profundamente na vontade de Deus”.[1] E, de forma mais extensa, “contentamento cristão é aquele estado doce, interior, sereno e gracioso de espírito, que livremente se submete e se delicia na disposição sábia e paternal de Deus em toda e qualquer situação.”[2]
De fato, o contentamento não depende da situação. Paulo o aprendeu nas circunstâncias mais opostas: passando necessidade e tendo fartura; bem-alimentado e com fome; tendo muito ou pouco.
Costumamos pensar que, se estivéssemos numa situação melhor, poderíamos viver contentes. Porém, depois do pecado, as circunstâncias jamais serão perfeitas neste mundo caído. E não é sobre elas que repousa o contentamento. “O coração pecaminoso diz: ‘Ponha-me numa situação na qual eu possa ficar contente’. O cristão que busca a santificação e o contentamento diz: ‘Ajude-me a ficar contente nesta situação e a cumprir minha responsabilidade nela’. Precisamos lembrar que o contentamento vem da graça e do poder de Deus em nós. É o resultado de um coração transformado e não está atrelado a circunstâncias exteriores.”[3]
O alicerce do contentamento é o conhecimento e a confiança no caráter de Deus e na obra de Jesus.
Por trás de um coração contente há uma mente que tem escolhido conhecer e confiar em um Deus amoroso, bom, Todo-poderoso, soberano, justo, fiel, gracioso... Só pode ser um coração que foi transformado pela obra redentora de Jesus Cristo, que o transportou das trevas para a luz, da condenação do pecado para a reconciliação com Deus. Um coração contente se satisfaz na vontade de Deus, não na sua própria. Um cristão contente descobriu que é na obediência a Deus e no serviço a Deus e aos outros que encontra sua verdadeira satisfação.
Estar alegre na vontade de Deus só é possível em Cristo e na força de Cristo. “Tudo posso naquele que me fortalece”, afirmou Paulo (Fp 4.13). Este é um dos nossos versículos mais estimados – e também mais usados fora de contexto. Mas, em seu contexto, o que ele significa? O que é esse “tudo” que Paulo podia fazer porque Deus o fortalecia? Viver contente em toda e qualquer situação!
“Partilhamos do mesmo Instrutor gracioso que o apóstolo Paulo teve. Nosso bom e misericordioso Deus nos deu sua Palavra, suas promessas e seu Espírito para nos ensinar. Estes são recursos tremendos que tornam o contentamento alcançável.”[4]
Às vezes você se sente sobrecarregada com as tarefas domésticas? As finanças não estão boas? O casamento não é aquele conto de fadas (ou o príncipe encantado nem apareceu)? O bebê tão esperado ainda não veio? Ou o filho cresceu e agora está longe. A saúde não anda aquela maravilha. Talvez você precise cuidar de um familiar doente. Ou perdeu um ente querido... Nossas circunstâncias mudam, mas nosso bom Deus não. É em conhecê-lo e amá-lo que nosso coração se satisfaz.
Nós não temos forças, mas o Senhor tem. Não temos recursos, mas Ele tem. Não entendemos os porquês, mas Ele sim. Refugie-se nEle. E se, na situação de hoje, você não consegue estar contente, clame a Ele. “Senhor, não tenho nem mesmo um sorriso para hoje. Por favor, posso pegar teu sorriso emprestado?” Então a alegria de Cristo poderá brilhar em você, para a glória de Deus.
Priscila Michel Porcher
Referencias
[1]Wilson, Nancy. Contentamento: um estudo para mulheres de todas as idades. São Paulo: Trinitas, 2018, p.13. [2] Burroughs, Jeremiah. The Rare Jewel of Christian Contentment. Citado por Barcley, William B. O segredo do contentamento. São Paulo: NUTRA Publicações, 2014, p.38. [3] Barcley, William B. Ibid, p.95. [4] Wilson, Nancy. Ibid, p.12.
Priscila é esposa do Marzo e mãe do João Victor e da Laila. Membro da Primeira Igreja Batista em Indaiatuba, onde ama servir ao Senhor junto às mulheres e na turma de Juniores. É formada em Letras, trabalha com revisão de Português e escreveu Meninos como você, da Editora Peregrino.
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