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Apesar do crescimento dos evangélicos no Brasil, este ainda é um país majoritariamente católico. Diante disso, quem não tem relacionamento com algum católico (seja na família, entre amigos, no trabalho, ou na faculdade)? Eu mesmo tenho! Embora seja oriundo de família de tradição protestante, eu estudei em instituições católicas, seja no ensino básico, ou no superior.
E nesse diálogo com parentes, amigos e colegas católicos, a pergunta que se ressalta é: Quais as semelhanças e dessemelhanças entre nós?
Quanto às semelhanças, elas passam basicamente pelo o que foi afirmado no Credo de Nicéia (325 d.C), com o foco na Trindade, na divindade de Cristo e Sua obra expiatória.
Quanto às dessemelhanças, o que normalmente se destaca é: liturgia, governo da igreja (com uma hierarquia episcopal) e a questão da iconografia e toda a questão teológica envolvida.
Entretanto, essas dessemelhanças nem sempre são tão claras. Por vários motivos: (1) as mudanças na Igreja Católica em sua liturgia que visam “modernizá-la”; (2) o crescente movimento ecumênico entre a Igreja Católica e as Igrejas Protestantes; (3) o sincretismo religioso de evangélicos que, em igrejas evangélicas, guardam tradições católicas. (4) as pautas morais que reafirmadas no meio católico conservador, se coadunam com as defendidas pelas igrejas protestantes conservadoras.
Com isso, a impressão que dá é que alguns evangélicos optaram por sê-lo apenas por questão de gosto, especialmente no que tange a questões rituais, ou relacionais.
Dessa forma, acredito ser importante pontuar as diferenças teológicas que nos distanciam de maneira irreconciliável (embora não tenha como ser exaustivo aqui nesse espaço).
1. Nós evangélicos cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus e como tal é a única autoridade de fé e prática (2 Tm 3:16,17; Hb 4:12). A Igreja Católica crê que a tradição da Igreja (conforme expressa nos concílios e bulas papais) é tão autoritativa quanto a Bíblia (Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina, nº 7 e 10);
2. Nós evangélicos cremos que qualquer pessoa pode interpretar a Bíblia (desde que se utilize do método histórico gramatical – 1 Co 2:13; 2 Pe 1:20). A Igreja Católica crê que somente ela tem a autoridade para interpretar as Escrituras (Encíclica Veritatis Splendor);
3. Nós evangélicos cremos que a salvação é de graça, mediante a fé exclusiva em Cristo Jesus, sem as boas obras. As boas obras são um sinal daqueles que foram salvos por Cristo, e não um meio (Rm 3:24-26; 11:6; Gl 3:11; Ef 2:8). A Igreja Católica crê que não somente a fé, mas também as boas obras salvam o pecador e que ela, a Igreja, é o único caminho para a salvação (declaração Dominus Iesus e Manual de Indulgência);
4. Nós evangélicos cremos que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5; Hb 8:6; 9:15; 12:24). A Igreja Católica crê que Maria e os Santos também são mediadores (Profissão da fé, Art 8º);
5. Nós evangélicos cremos que todo crente é um sacerdote, sem precisar de mediadores, a não ser Cristo, para representá-lo diante de Deus (1 Pe 2:5,9; Ap 1:6; 5:10). A Igreja Católica crê em um grupo seleto de sacerdotes e que os demais crentes são leigos (Concílio Vaticano II).
6. Nós evangélicos cremos que Jesus deixou apenas 2 ordenanças (batismo e ceia) e que estas são uma expressão simbólica do que Deus realizou no crente (Mt 28:19; 1 Co 11:20,23-30). A Igreja Católica crê nos 7 sacramentos e que estes são transmissores de bênçãos (Catecismo da Igreja Católica).
7. Nós evangélicos cremos que o pão e o vinho são símbolos do sacrifício de Cristo por nós (1 Co 11:23-30). A Igreja católica crê que esses elementos da Ceia se transformam no corpo e no sangue de Cristo no momento da Ceia (Catecismo da Igreja Católica).
Esses pontos nos fazem entender que nossas diferenças vão muito além do mero gosto pela liturgia! Dito isso, estou certo de que nossos parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho católicos ainda precisam ouvir o verdadeiro Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pr. Nelson Galvão
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