
Já percebeu que a História é contada a partir dos grandes heróis, reis, conquistadores, presidentes? O curioso é que, por conta disso, temos a sensação de que não houve outras pessoas envolvidas nos grandes feitos.
Todo mundo sabe quem foi Juscelino Kubitschek. Ele foi o presidente que construiu Brasília. A nova capital do Brasil ficou pronta em 1960. Mas quem conhece Alfredo e Ilma? Eles se mudaram de Natal para Brasília, 18 anos depois da inauguração da cidade, com suas duas filhas e seu filho de 3 anos, Nelson Galvão; pois é, esse era eu!
Existe aqui a história de uma pequena família, que está conectada com a grande história do nosso país.
O livro de Rute nos mostra isso, mas de maneira invertida. A história não é contada a partir de grandes reis, imperadores. A história é contada a partir de uma simples família de Belém, sendo que, na verdade, essa pequena narrativa está inserida em uma trama muito maior.
Como sabemos disso? Vejamos! Toda boa história termina com um final feliz! A história de Rute não é diferente. Ela começa com fome, imigração, morte, viuvez, solidão, amargura. Em tudo isso vemos que essa família experimentou das mais profundas angústias porque se afastou do Senhor, buscou refúgio em seus próprios recursos.
Todavia houve um “final feliz”, porque o Senhor demonstrou Sua misericórdia, sua benevolência, Seu amor Hesed, ao resgatá-los por meio do resgatador. Então, a história termina com o reestabelecimento na terra da Aliança, resgate, casamento, festa, vida, alegria.
A história poderia terminar nesse ponto. Eles se casaram e viveram felizes para sempre! Porém, a história não termina aqui. Existe uma genealogia (Rt 4.18-22). Normalmente não damos muita importância para genealogias na Bíblia. Todavia precisamos nos lembrar que a Bíblia é a Palavra de Deus, logo, até mesmo as genealogias têm seu propósito.
Vejamos onde o autor que nos levar. Perceba que no v. 18, ele aponta rapidamente para onde vai: “Obede é o pai de Jessé, pai de Davi.”
Incrível! A genealogia mostra que o Senhor restauraria a Israel. A história de Noemi, Rute e Boaz, é apenas uma pequena história que faz parte do grande plano redentivo de Deus para o Seu povo.
Daquela pequena família de Belém de Judá, viria o rei Davi que unificaria o reino e seria a provisão de Deus para o problema do caos instalado em Israel. Por conseguinte, essa história da nação estava também inserida em uma história ainda maior.
Os profetas viram isso. Isaias profetizou que viria o Rei da descendência de Davi (Is 9.6,7); Ao profeta Miquéias foi revelado que este descendente de Davi viria de Belém, a mesma terra da história de Boaz e Rute (Mq 5.2).
Séculos depois, Mateus começou seu Evangelho com uma genealogia que apontava a linha dessa história maior que vai desde Abraão, passando por pessoas como Boaz e Rute, Davi, até culminar em Jesus Cristo.
Sim, através da história de cada um de nós, Deus escreve a História das histórias, dirigindo os acontecimentos, ainda que de maneira improvável, de acordo com Seu propósito redentor que culmina no grande Rei, Jesus Cristo.
Isso deve nos fazer entender que não somos o centro da história. Não somos o centro do coração de Deus! Cristo o é. Nas palavras de Paulo, na dispensação da plenitude dos tempos, Deus fez convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que estão na terra (Ef 1.10).
pr. Nelson Galvão
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