No dia de culto a Deus, no local de culto a Deus, em nome de Deus, eles planejaram matar Deus!
Me refiro aos líderes religiosos dos tempos do ministério terreno de Jesus. Eles eram os homens mais religiosos de sua época. Eles se “apoiavam na lei, se gloriavam em Deus; conheciam a vontade dele, aprovavam as coisas excelentes, sendo instruídos na lei, estavam convencidos de que eram guias dos cegos, luz dos que estão nas trevas, instrutores de ignorantes, mestres de crianças, que tinham na lei a formulação do conhecimento e da verdade.” (Rm 2.17-20).
Entretanto, a despeito de toda essa religiosidade, uma vez diante do Deus encarnado, não o reconheceram. Ao contrário, o rejeitaram e, em seu local de culto, no dia de culto, em nome de Deus, planejaram assassinar Jesus (Mc 3.6).
Por quê? Como explicar tamanha contradição? A religião é o esforço próprio para se chegar a Deus, o esforço baseado em cerimónias, ritos, dias sagrados; ou seja, mérito, mérito, mérito!
Por outro lado, Jesus é a declaração de Deus de que todo esse esforço por mérito é inútil. É por isso que, em função de nossa completa incapacidade de se achegar a Ele, Deus mesmo veio até nós. Ele se fez homem e assim, Sua pessoa e obra tornou a nossa religião obsoleta.
Todavia, à medida que rejeitamos a confiança exclusiva nos méritos da pessoa e obra de Cristo (podemos fazer isso audivelmente, ou na prática), confiamos em nossos próprios esforços para obter acesso a Deus.
Acontece que jamais podemos ter comunhão com Deus baseado no quanto somos bons, intencionamos o bem e fazemos coisas boas. Sendo assim, nos sujeitamos a viver uma vida de incoerência, teatralizamos uma vida com Deus que não existe, tal qual a hipocrisia dos antigos fariseus e, tudo isso, à medida que frequentamos os cultos regularmente!
Aí está então, o cerne do problema de inúmeras pessoas que se declaram religiosas em nossos dias: a hipocrisia que é resultante de autoconfiança e consequente rejeição da pessoa e obra de Jesus Cristo (E não se engane, é possível professar fé nEle, mas levar uma vida confiando em si mesmo e portanto, de rejeição a Ele!).
São religiosos que vão regularmente à igreja, mas abandonam à família. Levantam as mãos para os céus, mas a usam contra a esposa. Dizem para os irmãos: "Deus te abençoe", mas para a esposa: "vá para o inferno". São amáveis com os irmãos, mas déspotas em casa. Aconselham os outros, mas os filhos suplicam por um segundo de atenção.
São religiosos que fecham os olhos em oração, mas o abrem diante de pornografia. Leem a Bíblia, mas a usam apenas como pretexto para apoiar seus próprios pensamentos. Comem o pão e bebem o vinho, mas digerem o sabor do ódio pelo outro. Descem às águas do batismo, mas emergem um novo membro de uma cultura medíocre, distante do verdadeiro Evangelho.
São religiosos que falam em nome de Deus, mas pregam ideias do inferno. Exigem libertação, mas com o coração escravo de si mesmos. Se apresentam como amigos de Deus, mas são amigos do dinheiro. Pregam fervorosamente, mas somente aquilo que as pessoas gostam de ouvir. Levam a Bíblia para o púlpito, mas ensinam ideias de seu próprio coração. Anunciam o amor, mas estão apenas interessados em encher os bancos da igreja. São religiosos que entoam cânticos de louvor, mas louvam a si mesmos. Cantam músicas que falam de Deus, mas que estão distantes do Deus das Escrituras. Tocam melodias entusiasmadas, mas com letras vazias. Fazem declarações de amor a Deus, mas não se interessam pelo que Ele diz. No dia de culto a Deus, no local de culto a Deus, em nome de Deus, eles planejaram matar Deus!
Só existe uma forma de escapar dessa terrível contradição: o reconhecimento de nossa mais completa incapacidade de pagar pelos nossos pecados e a confiança exclusiva nos méritos da pessoa e obra de Jesus Cristo.
Pr. Nelson Galvão
Comments